Ao desenvolver a linha de pensamento que relaciona o conceito de Marginal com o da Defesa do Território, embato de forma expectável no conceito de País, de Nação. A definição de Nação relaciona uma comunidade e um território, uma língua, uma religião, uma etnicidade, os objetivos comuns expressos numa unidade política e económica, uma emanação da vontade colectiva.
Num certo sentido, Nação é uma extensão da Família, noutro é um conceito fortuito, arbitrário, circunstancial. As circunstâncias de cada tempo são definidas pela tecnologia, em especial as da comunicação, transportes e energia, que determinam o grau de permeabilidade de uma determinada comunidade, o seu isolamento geográfico e cultural.
Os recursos da comunidade tendem a aglomerar-se numa competitividade aguerrida expressa pela Economia. O instinto de auto preservação tem a sua expressão máxima nas forças militares. Estes dois agentes desenvolvem a sua acção no limiar da comunidade, nas linhas de tensão com o exterior. Esta interdependência, esta tensão, gera uma onda de força, uma reunião de meios, uma liderança que se traduz por vezes na inovação tecnológica, no rasgar das fronteiras. A ciência, a arte, a própria política seguem no encalço.
O (surpreendente) declínio da violência na narrativa histórica global é, segundo Steven Pinker, resultado do progressivo alargamento dos ciclos de empatia. Esse alargamento é proporcionado pela inovação na comunicação e nos transportes, o que possibilita novas trocas comerciais e culturais. Motivados pela curiosidade ou pelo interesse económico, somos levados a superar o medo e a pisar território desconhecido. A exposição a culturas diferentes, a formas diversas de solucionar o mundo, mantém-nos a mente aberta, leva-nos a considerar possibilidades que normalmente descartamos, leva-nos à criatividade. Ao quebrar a nossa imagem mental, o nosso preconceito, o medo dá lugar à curiosidade, o mito dá lugar ao elo. Por outras palavras, encontramos semelhanças, afinidades fora do nosso ciclo familiar, da nossa cidade, do nosso país.
A ambição própria é um direito, o egoísmo é um facto. A nossa Visão do mundo é definida pela perspectiva, pelo ritmo (frequência), pela escala. Não tardamos a reencontrar na minúcia da rotina, na placidez da familiaridade, as pequenas diferenças que nos separam, álibi de novas invejas e competitividade, não tardamos a reencontrar o marginal que há em nós.