Na minha reflexão sobre o conceito de Marginal, na delimitação dos parâmetros da Marginalidade, cheguei, em primeira instância, à listagem dos estereótipos comuns (clique no link para ver).
Ao estar a direccionar a atenção do meu projecto para os membros e dinâmicas destes grupos, não estarei de certa forma a perpetuar o estigma?
Por outro lado, penso que há que ultrapassar o preconceito do preconceito, o medo da palavra, da pergunta directa, da confrontação, que apenas resulta na reestruturação do hiato entre as várias facções culturais. No caso da fotografia esse medo reflecte-se na abstenção em alguns temas, aparentemente mais imediatos, a fim de evitar o reforço de abordagens idealistas ou paternalistas de alguns fotógrafos que, pela repetição ad nauseam vão desgastando as possibilidades, provocando o desvio do olhar, o afastamento.
Há uma grande diferença entre respeito e pudor. Respeito implica ver o outro, ouvir a sua história na primeira pessoa. O pudor diplomático tem também a sua função fundamental, naturalmente, mas deve limitar-se, no meu entender, à primeira abordagem, por natureza mais superficial. Quando interagimos com o outro a cultura ganha profundidade, diversidade e subtileza na leitura. Ao olharmos de perto o que é diferente, vemos partes de nós mesmos, saímos com uma imagem diferente da inicial, abrimos a mente para a surpresa, para a criatividade.
Seja a fotografia uma celebração da diversidade.