Odete foi até ao fundo da sala, ficou junto à janela. Procurava um pouco de distância, um canto mais sossegado onde pudesse estudar as suas falas, ou simplesmente folhear o guião, espreitar pela janela, ou observar os colegas no ensaio.
É o sentimento de pertença o que melhor identifico no seu olhar.
Os textos da peça dão voz a uma observação aparentemente naive da sociedade expressa numa linguagem de humor revisteiro, que vai sublinhando um conjunto de valores geracionais. “No meu tempo.. Nós, os menos jovens.. Velhos são os trapos.”
Em que ponto é que a ingenuidade se transforma pela convicção da entrega, pelo contexto criado em criatividade esclarecida? Talvez o faça de forma tácita, projectada nas sombra da experiência de vida acumulada do grupo.
Estas aulas enriquecem bastante a vida das pessoas, contribuindo para o sentido de comunidade. Constituem para algumas delas uma brecha na solidão e na rotina cristalizada de anos. É um momento de diversão também, ou pelo menos, a construção de um. É protagonismo e expressão pessoal. O protagonismo em torno da minha mãe é criado pela composição e pela articulação de outros elementos da linguagem fotográfica.
As ligações entre colegas (entre os pares) são mais importantes do que as ligações com os professores confirmando as minhas percepções anteriores sobre paridade como forma ou contexto.
Curiosidade, Espanto, Condição Humana, descoberta.
Teatro.