Estabeleci anteriormente um paralelismo entre a linha de contorno do jardim urbano, a sua delimitação no mapa da cidade e o enquadramento fotográfico. Sugiro agora uma comparação análoga usando o conceito de transparência.
De um modo geral, podemos dizer que os jardins urbanos variam essencialmente quanto à dimensão e quanto à composição, distribuição e variedade das árvores e arbustos. A topografia, o edificado onde se insere, os equipamentos que dispõe condicionam igualmente a sua funcionalidade e a sua projeção social e psicológica.
Dependendo da composição dos elementos acima mencionados. o jardim proporciona um maior ou menor grau de imersão (interioridade), de rutura ou continuidade do tecido urbano. Neste sentido podemos definir transparência como o grau de permeabilidade visual do jardim. Quanto maior a transparência maior consciência temos da cidade, quanto maior a densidade, maior consciência temos do jardim.
Na tradução fotográfica que faço há, em primeiro lugar, uma transferência de consciência do plano horizontal, o contorno exterior do jardim (jardim enquanto conceito, imagem mental, enquanto espaço) para o plano vertical (as relações de perspetiva e a densidade das sobreposições, a permeabilidade visual) como expressão relacional com a cidade, com o edificado circundante e com a população residente.
Em fotografia a transparência é a característica que descreve o grau de acesso ao conteúdo da imagem, o grau de clareza de leitura em função da linguagem lumínica, da maior ou menor complexidade composicional e da definição temática, sendo a profundidade de campo (foque ou desfoque) um dos recursos técnicos mais relevantes.