Beyond the Seven Mountains, III

As observações aqui enunciadas partem da leitura do ensaio Arnold Odermatt – Beyond the Seven Mountains – The Unsanctioned Artist’s Candid Eye de Caroline Recher. A análise iniciou com Beyond the Seven Mountains, I e irá prolongar-se nas próximas publicações. A sessão fotográfica teve início no Jardim da Praceta Fernando Valle em Lisboa.  

Porque é difícil fazer suposições sobre intenções que não são expressas como um desejo conceptualizado e verbalizado de ‘fazer arte’, a autora tece considerações sobre  o caráter não reconhecido da prática de Arnold Odermatt, mas sem usar termos como ‘naive’ ou ‘outsider’, repletos de conotações e demasiado redutores. Sugere que esses artistas reconhecidos tardiamente sejam referidos como unsanctioned artists (artistes non homologués). Esse termo é uma referência indireta a um dos primeiros ensaios de Dubuffet sobre art brut; torna possível agrupar as várias práticas ‘irregulares’ em virtude de seu contraste com os canais oficiais do mundo da arte, sem, no entanto, estigmatizá-las definindo um dualismo em que a arte se opõe à não-arte. O termo ‘sanção’ sinaliza reconhecimento oficial, mas altera a natureza do que consagra?  

O contraste entre imagens que satisfazem as expectativas do mundo da arte em termos de qualidade e um fotógrafo que teimosamente se recusou a buscar qualquer tipo de reconhecimento crítico pelo seu trabalho parece dotar a prática de Odermatt de um apelo óbvio como algo ‘instintivo’ e ‘autêntico’. Nesse caso, a inocência artística e a autenticidade parecem até aumentar seu valor. Mais adiante ficará mais claro como o apelo dessa ‘inocência’ do artista não autorizado é expresso na recepção crítica de Arnold Odermatt e o que ele revela sobre uma certa noção de fotógrafo ‘sem intenção artística’.

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