Agulha no palheiro

Depois de fotografar a área ardida resultante do incêndio em Oleiros de julho deste ano, viajei até Sobral de São Miguel por setenta e quatro sinuosos quilómetros, cerca de uma hora e quarenta minutos. Cheguei ao início da noite, fiz um breve reconhecimento, jantei, dormi.

Seis e meia. Acordo e subo até ao parque eólico para tomar o pequeno almoço e dar início à sessão. A proximidade com as torres, que se multiplicam pelo topo da montanha até à linha do horizonte, a rotação motivada dos aerogeradores, a noite que se começa a diluir, inspiram de forma síncrona o meu pasmo perante tamanha monumentalidade.

Luzes, camara… tripé? Onde está o tripé? Revolvi o carro, incrédulo, como quem procura uma agulha num palheiro em vez de um objeto com a robustez de um tripé. 

Tinha que regressar a Oleiros. O tripé ficara encostado a uma qualquer árvore queimada no meio de uma floresta onde deambulei errante durante horas. 

Revi as fotografias do dia anterior, procurando reconstituir o percurso. Fotografei quase sempre com a camara montada no tripé, pelo que a probabilidade de o ter largado apenas no final da sessão era forte. Lembrava-me vagamente da estrada onde desembocara ao sair da floresta mas a não a reconhecia agora. Graças ao encontro do dia anterior com as três mulheres que me ofereceram um pão, lembrava-me vagamente de as ouvir dizer o nome da aldeia. Magoiras, Magoitas.. como era mesmo?  Parei o carro e uns metros à frente parou um carro com outras três mulheres, que chegavam ao seu local de trabalho. Dirigi-me a elas e perguntei. Ahh Mougueiras! Vai sempre em frente até Milrico e só então vira à direita.

Encontrei a minha agulha.

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