Alexandre

“Na morte referve o vinho, e a promessa tinge as pálpebras com uma imagem” Herberto Hélder, O amor em visita.

Uma casa, uma adega, quatro paredes onde Cristo e Baco se digladiam. Lado a lado as fotografias dos antepassados e os talismãs religiosos. O último suspiro de uma casa, de uma vida titubeante entre o trabalho, o vinho e a fé, entre o abandono e o esquecimento.  O Avô Alexandre morreu.

Ouvi muitas das suas histórias, alguns retalhos da sua vida. Espírito cosmopolita preso na aldeia, num meio rural, pesado, pobre. Cativo do trabalho, da família, do remorso.

«Que seriam os nossos espíritos, se não tivessem o pão dos objectos terrestres para os alimentar, o vinho das belezas criadas para os inebriar (…)?» 

Oração do padre jesuíta francês Pierre Teilhard de Chardin (1881 – 1955)

Os retratos foram realizados no seu último mês de vida, no lar de idosos onde residia. Este portefólio integra três imagens da fotógrafa MariaAngelina numa captura póstuma.

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