Bairro Alto, II

Deixo-vos três imagens da minha passagem pelo Bairro Alto por estes dias na minha senda fotográfica.  

No meu mapa do Bairro todos os caminhos iam dar ao Conservatório já que raramente saía à noite. Quer entrasse pela Rua d’O Século, subindo a Rua João Pereira Rosa e a Travessa dos Fieis de Deus (se vinha do Liceu);quer subisse a Rua da Rosa se vinha do Chiado; quer entrasse pela Travessa da Queimada, desde o Largo da Misericórdia, deixava-me guiar pelo cheiro intenso a café torrado (havia quem dissesse que eram pneus queimados, não sei).   

Já perto da Rua dos Caetanos ia-se fazendo ouvir a Sinfonia Impossível composta pela mistura dos sons instrumentais e vocais provenientes das várias salas.   

Foi já no final da Travessa da Queimada que um dia presenciei um pequeno incidente entre um condutor de uma furgoneta com um ponto de embraiagem mal dominado, e um motociclista que se aproximou demasiado, acabando com a roda da frente feita em dois. O condutor da furgoneta seguiu o seu caminho, ignorando os protestos. O motociclista anotou rapidamente a matrícula e abordou-me para que testemunhasse a seu favor. Não estava com vontade de me envolver.  

O rapaz, desesperado tentou aliciar-me: Arranjo-te gajas pá, arranjo-te gajas!  

Não me largava até que apareceu uma outra testemunha, que não tinha visto nada mas tinha melhor sentido de empatia que o meu.

Já não cheira a café torrado no Bairro Alto.

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