O hedonismo é uma doutrina filosófico-moral que sublima o prazer, a manifestação da vontade como forma de alcançar a felicidade, de suplantar a Dor.
Na linguagem contemporânea comum, a palavra é usada como referência pejorativa a um estilo de vida voltado para a busca egoísta dos prazeres momentâneos, numa associação crítica à decadência moral.
Quando separamos os chamados prazeres físicos dos prazeres da Alma colocamos de um lado isolada a sexualidade e do outro o deleite estético, a Arte.
Na minha acessão a promiscuidade vai bem mais longe. Se, por um lado, o prazer que retiramos da sexualidade não é de todo puramente físico, é relacional e afectivo, é uma apreensão de uma realidade que é o outro, é um extravasar literal da individualidade (curiosamente podemos descrever com estas palavras exactas uma experiência espiritual religiosa), por outro, o que classificamos como deleite estético vai muito para além do distanciamento contemplativo, é a projecção pessoal numa realidade que nos desafia, e que capturamos, materializamos num objecto. Esta relação com o toque é literal em disciplinas como a escultura por exemplo, mas acontece em toda a produção artística, que tem a sua concretização, a sua síntese absoluta, na criação de um objecto.
No caso particular da fotografia essa experimentação física é mais extrema uma vez que pela sua ligação necessária ao mundo concreto, conseguimos estar dos dois lados do espelho – tocar a realidade diante da câmara e no instante seguinte contemplar um pedaço de papel nas nossas mãos.
Se por um lado a Moral é o instrumento de moderação, a Filosofia de análise, a Psicologia de interpretação, a Imaginação é a unidade última de todas as formas a que chamamos prazer.