Fotografar é um acto de pesquisa, de observação mas também de controle. Na minha abordagem fotográfica (no meu modo de pensar em geral) tendo a desenvolver uma aproximação centrípeta, quer na fase conceptual, em que me esgoto analiticamente numa miríade de variantes e subtilezas em torno de uma palavra, de uma visão, quer por vezes no sentido literal, no terreno; identifico os limites, os ângulos que me oferecem maior varrimento visual, e cerco o tema numa espiral lenta. No meu caminho de volta, quero sentir que nada ficou para trás, que todos os elementos estão contidos na síntese final, na fotografia.
Contudo, é possível na fotografia (como aliás na música e noutras artes) traçar caminhos entre o Mundo das Ideias e o Mundo Sensível sem passar necessariamente pela tradução da palavra. A Imagem que vem de dentro e a Imagem que vem de fora sobrepõem-se numa tensão muda.