Parque Oeste, III. Narrativa fotográfica

Nos projectos anteriores a abordagem narrativa predominante foi a documental / descritiva.   

No trabalho Compasso de Espera (2013), acompanhei os ensaios da Banda Filarmónica de Carcavelos durante três meses e editei o resultado. Tinha idealizado visitar alguns dos elementos da Banda no seu contexto profissional ou académico e integrar essa recolha na narrativa. Seria interessante essa sobreposição de contextos mas não a cheguei a concretizar. Ainda assim, editei de forma mais alagada para um livro.   No trabalho Cinco (2016), fiz uso da experiência anterior, e acompanhei os alunos de uma turma de ensino especial durante todo o ano lectivo e no final visitei cada um em casa a fim de recolher um pouco do seu ambiente familiar. Consegui sobrepor de forma interessante os dois contextos.  

No trabalho Visita Guiada (2019), planeei uma recolha de lugares e pessoas bastante exaustiva na procura de elos que me permitissem um entrelaçado narrativo denso. Testei o conceito de Viagem no Tempo, e usei o retrato como elo conceptual, como cicerone dessa viagem. Gostaria contudo de ter ido mais longe na edição, de ter antecipado e desenvolvido alguns dos elos. Na segunda edição (em janeiro próximo) irei clarificar algumas das linhas, mantendo a mesma proposta narrativa da apresentada na inauguração.

Visita Guiada deu-me a oportunidade de perceber que os elementos visuais de um espaço, de uma paisagem, representam um papel fulcral na construção da familiaridade a que chamamos memória. A partir desta percepção torna-se possível utilizar esses elementos de forma autónoma na construção da narrativa. Poderei, em trabalhos futuros, usar o retrato e as ambiências captadas de forma independente. Será uma ideia a perseguir.  

Continuam a interessar-me as sobreposições de contexto de forma díptica, que procurarei apresentar de forma mais sintetizada.

Interessa-me igualmente a gravitação espontânea de certas imagens em torno de um tema numa narrativa puramente visual. Gostaria igualmente de testar o humor enquanto elemento de linguagem fotográfica.

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