Esta reflexão parte de uma entrevista de Frederick Paxton, um dos três fotógrafos integrantes do projeto Lumix Stories for Change.
Paxton desenvolve o seu trabalho em zonas de conflito como o Iraque, a Síria, a Ucrânia ou a Africa Central, não se focando, contudo, no epicentro dramático da ação, para onde os olhos do mundo estão virados. A sua atenção é antes dirigida para atividades paralelas como o desporto, que na sua visão tem dinâmicas similares com as testemunhadas nos campos de batalha. Procura capturar as interseções e os limites de um evento trágico, honrar a humanidade que resta.
Esta perspetiva permite às pessoas conhecerem o sujeito, estabelecer uma relação com ele, identificar-se, e assim abrir as portas para um diálogo entre iguais. Esta é uma resposta particularmente interessante à pergunta implícita nesta reflexão: Que papel pode desempenhar a fotografia, que contributo pode ter na mudança, na transformação?
Destaco ainda duas expressões curiosas enunciados por Paxton na entrevista: realidade criativa e verdade desonesta. Estes conceitos denunciam claramente, a qualidade plástica que a realidade assume perante a camara.